O Diário da Quarentena: Dia 6
E ao sexto dia de quarente, dia 18 de março, foi decretado pela primeira vez estado de emergência por Marcelo Rebelo de Sousa após todo o parlamento aprovar esta decisão. Bem, é triste ver a que ponto as coisas chegaram, poder assistir a este tipo de situação sair do controlo e não puder fazer nada, não puder salvar vidas. Ontem, morreu a segunda pessoa com COVID-19, apareceu mais dois casos na Madeira, subido assim para três o número de infetados e ainda apareceu os dois primeiros casos no Alentejo, mais especificamente em Évora. E também ontem, por outro lado, mais uma pessoa recebeu alta por estar curada deste mal que é o Coronavírus.
Olho para tudo isto com uma certa tristeza, agonia e distanciamento. Custa-me ir à varanda ou olhar pela minha janela para a rua e não ver ninguém. É como se morasse no meio deserto ou de uma floresta. Nas varandas já se vê lençóis velhos brancos com arco-íris pintado apelando à mensagem de que dias melhores virão, não sabemos quando, mas os dias melhores sempre veem, não há tempestade que dure para sempre. "Atravessamos tempos difíceis" disse o nosso presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, e disse muito bem, pois são tempos de maiores restrições, de maiores cuidados, de alguma ansiedade também mas se há coisa que nunca devemos deixar de ter é esperança. Como diz o povo "a esperança é a última a morrer" e são em momentos como estes que não pudemos deixar de acreditar, por mais difícil que pareça, que a vida há de dar um jeito, que o universo irá se ajustar e que tudo vai dar certo, aos poucos.
É triste, mas ao longo da nossa história, já passamos por muitas tempestades e mesmo assim todas essas adversidades não deixaram de construir as pessoas que somos hoje.
Após este pequeno, grande desabafo, deixo-vos um ponto de situação sobre o meu sexto dia, entre muita leitura e séries, tive tempo para me dedicar aos estudos, fazer exercício físico, ouvir os vizinhos de baixo aos berros todo o santo dia porque não sabem comportar-se como pessoas civilizadas, e também tive tempo para ficar viciada numa série, Love Is Blind e deitar rios e rios de lágrimas por conta dela.
E assim se segue forte mesmo em quarentena voluntária, lava-se muito bem as mãos, medir a temperatura, enfim.. nível de sanidade mental: 85%, uma pessoa aguenta!